tag:blogger.com,1999:blog-36341643902771742552023-11-16T02:53:43.864-08:00bloco das artesAndrea Mendeshttp://www.blogger.com/profile/12041450343429727508noreply@blogger.comBlogger3125tag:blogger.com,1999:blog-3634164390277174255.post-17872605390012262872012-09-05T08:42:00.000-07:002012-09-05T08:42:49.498-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnQVOMgJ68YVlLOGACsj3uig6Q0qhCjHfMDoXG5k6185BnsNFjJVO-mLtk8BVcSodlXWqB7585mLsRJY8H3LpArJFMx-kIpWHdPP7PT5CMpJuM1tHWhAcigMAWkNtBNWIdwveQHBHcLRY7/s1600/Oslo,+31+de+Agosto+(imagens)+004.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="264" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnQVOMgJ68YVlLOGACsj3uig6Q0qhCjHfMDoXG5k6185BnsNFjJVO-mLtk8BVcSodlXWqB7585mLsRJY8H3LpArJFMx-kIpWHdPP7PT5CMpJuM1tHWhAcigMAWkNtBNWIdwveQHBHcLRY7/s320/Oslo,+31+de+Agosto+(imagens)+004.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Cambria","serif"; font-size: 14pt; line-height: 115%; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">OSLO, 31 DE
AGOSTO<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Um filme de
Joachim Trier, protagonizado por Anders (Anders Denielsen Lei), um jovem
toxicodependente que, aproveitando a saída de um centro de desintoxicação para ir
a uma entrevista de trabalho, se vê confrontado com uma realidade à qual não
consegue resistir.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Muitas são
as perspectivas possíveis sobre este magnífico filme, contudo vale a pena focar
duas ou três.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;"><o:p> </o:p></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">1.<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">A primeira a merecer destaque talvez seja a
que se prende com a realização. Uma narrativa única, centrada no seu
protagonista e naquilo que este vai vivendo ao longo do seu dia. A esta
aparente simplicidade juntam-se, ainda, a ausência de uma banda sonora, um
guarda-roupa neutro e um conjunto de diálogos sem pretensões filosóficas, onde
aquilo que é preciso dizer diz-se prontamente.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Mas a simplicidade é apenas aparente, porque
raramente um realizador consegue uma posição tão neutra como a do protagonista,
e neste sentido a história que se conta surge como uma espécie de problema
matemático que espera solução, mas para o qual o próprio realizador acaba por
não propor um desfecho.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;"><o:p> </o:p></span></div>
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">2. <o:p></o:p></span></b><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Assim, o filme reveste-se de um carácter
trágico – note-se, aliás, que não seria de desprezar a adaptação deste
argumento ao teatro -, pontuado por vários indícios que vão isolando o
protagonista sobre si próprio, deixando-lhe cada vez menos espaço para se relacionar
com os outros. E aqui reside um dos núcleos centrais desta história: será que
Anders quer, afinal, relacionar-se com os outros sem conseguir ou há motivações
endógenas que o levam a afastar-se progressivamente, cortando os laços e
destruindo as pontes que o conduziriam ao mundo em geral? Se juntarmos a esta
pergunta a de Joachim Trier: “Tínhamos obrigação de ser felizes. Porque é que
não somos?” talvez consigamos completar um pouco o sentido da mensagem que se
pretende transmitir. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Fruto de alguns excessos provenientes de uma rápida
melhoria das condições de vida, a geração dos trinta anos é hoje, na Europa,
uma das gerações mais problemáticas, porque muitos jovens tiveram tudo aquilo
que desejavam sem terem que trabalhar para isso. Este parece ser o caso de
Anders, a quem aparentemente nada falta, e que pouco parece ter a conquistar. A
entrada no mundo das drogas é, talvez, um pretexto para ocultar uma realidade
mais dura que passa pela incapacidade do indivíduo se realizar como pessoa, como
cidadão, porque não vê nisso, porventura, um interesse comparável ao do objecto
material. Anders chega, até, a focar esta questão, no princípio do filme,
quando refere ao amigo que o principal problema não será a heroína, mas antes
algo mais profundo. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;"><o:p> </o:p></span></div>
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">3.<o:p></o:p></span></b><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">A incapacidade para ser feliz – porque sempre
havia considerado as pessoas felizes como imbecis – conduz o protagonista para
um beco sem saída, para o qual ninguém o atira se não ele próprio. Note-se que
há, da parte deste personagem, um comportamento de afastamento evidente: é
assim na entrevista de emprego ou na cena da piscina em que prefere observar de
fora os amigos que se lançam à água. Pelo contrário, a acção das restantes
personagens, ao longo do filme, pauta-se pela integração espontânea do
protagonista nos diversos acontecimentos que vão surgindo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">É assim o destino de Anders: observar de fora
os que estão dentro. Ou seja, não prescinde do seu eu para se dar/relacionar
com os outros. Contudo, fica no ar a questão: esse afastamento é endógeno como,
aliás, parece ou, pelo contrário, há uma incapacidade para construir o seu
lugar no mundo, um lugar a partir do qual consiga estar e relacionar-se com
esse mesmo mundo?<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Por outro lado, não será menos interessante
servirmo-nos desta questão para reflectirmos sobre outra: não será este filme
uma tentativa de exortar à alteração do olhar que temos, em regra, sobre o
toxicodependente? <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">A toxicodependência, à semelhança de outras
patologias, necessita, porventura, de uma reintegração mais responsável na
sociedade, onde o indivíduo tem de estar preparado para arrostar com os
desafios sucessivos de uma sociedade em mudança constante. Posto isto, será
irreal pensar que o mundo acolhe as diferenças e os problemas alheios e mais
irreal, ainda, andar à procura de compaixão como Anders. <o:p></o:p></span></div>
Andrea Mendeshttp://www.blogger.com/profile/12041450343429727508noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3634164390277174255.post-21437211517188574962012-09-03T08:17:00.000-07:002012-09-03T08:17:15.517-07:00
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;"><span style="font-size: large;">D'<em>Os Pescadores</em>, de Raul Brandão:</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">SESIMBRA<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">(…)<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">A vila em
baixo fica aconchegada no regaço dos montes que a amparam e desce-lhes até aos
pés – até ao grande areal exposto ao sul, que a ponte do forte Cavalo limita à
direita, e o morro do Aguincho, acabando em focinho desmedido e brutal, limita
à esquerda. A esta hora, seis da tarde, está reduzido a sombra espessa, e o
outro escorre ainda o vermelho do último sol. Um grande forte de Lippe, raso
com o mar, ao meio da praia cheia de barcos encalhados e de reboliço humano.
Casas pobres, casas lacustres, armazéns, redes a secar nos varais. Anoitece,
mas a vida não cessa. O peixe das caçadas é arrematado à noite, quando os
barcos regressam da pesca. Pelo areal fora, em quatro ou cinco fiadas
paralelas, cada caçada expõe o seu peixe, que reluz ao luar com um tom de prata
antiga – gorazes a um lado, e pescada, chernes a outro, todos em quatro, cinco
filas alinhadas, e o grupo de regatões à roda a disputá-los ao clarão dos
archotes.<o:p></o:p></span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipjnZNIjC3-tfZq2HjK5jZd8meihD1GPlRf-5QoatblJTJEAGPSA2ZbxEbRxX_1RBUxIvhKb5EpzbHY5EtJgKTwZ4YB9RlEQfOhUc3Kf1TAkWqrkwwGK2Fzyo5Q_6QECiLHY28Efy-OpLg/s1600/SESIMBRA2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipjnZNIjC3-tfZq2HjK5jZd8meihD1GPlRf-5QoatblJTJEAGPSA2ZbxEbRxX_1RBUxIvhKb5EpzbHY5EtJgKTwZ4YB9RlEQfOhUc3Kf1TAkWqrkwwGK2Fzyo5Q_6QECiLHY28Efy-OpLg/s320/SESIMBRA2.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">(…)<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">O pescador
de Sesimbra, que vai às vezes muito longe, não conhece a agulha de marcar.
Regula-se pelas estrelas e pela malha encarnada da serra. Lá fora, quando vêem
o cabo ao nível de água, dizem que estão no mar do cabo raso, e, quando o farol
desaparece, estão no mar do cabo feito. Conhecem a costa a palmo: o mar novo,
que dá o peixe-espada, o mar da regueira, que dá a pescada, o mar da cornaça,
que dá o goraz e o cachucho, e o do rapapoitas, que dá os grandes pargos,
conhecidos por pargos de morro.</span><br />
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;"></span><br />
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitOFSncDBJ8S_voAval1f5Ze2FwPvOdsDWF-C9d-2NsF51l3i0qzvd3rrOWIbTMELH-hu3PNQBzjhE9Twj9pmoipZ-njsCWw0LTIGML5wlgqzvzEE-oZOzvaQM65tn-CBPe3XnSOPA32ZK/s1600/SESIMBRA1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitOFSncDBJ8S_voAval1f5Ze2FwPvOdsDWF-C9d-2NsF51l3i0qzvd3rrOWIbTMELH-hu3PNQBzjhE9Twj9pmoipZ-njsCWw0LTIGML5wlgqzvzEE-oZOzvaQM65tn-CBPe3XnSOPA32ZK/s320/SESIMBRA1.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;"><o:p></o:p></span> </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">(…)<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Seis horas
da manhã. Noite de luar claro e frio. Descço a rua ainda tonto de sono. Ao
longe o moço chama: - Ó tio Julião, vamos embora… pra-a loja!... – Muitos
homens dormem na barraca onde se guardam os apetrechos das artes. Entro. Uma
luzinha fumega. Redes, remos, cabos, pedaços de velas, e sombras, tudo
misturado. Remexem vultos no escuro. Sobre a tarimba mal distingo farrapos de
homens deitados.<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">- Vá lá! vá lá!... – diz o arrais.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Erguem-se,
juntam-se e o grande barco começa a deslizar nos panais. Salto dentro e
encolho-me ao pé do moço, na caverna. É noite, noite de lua redonda e gelada.
Os homens remam em cadência e o panorama vai saindo do escuro à medida que o
barco se afasta, todo em sombras empastadas e enormes, cortadas a pique, que se
destacam pouco e pouco umas das outras em fantasmas de penedos, em morros
salientes com buracos metidos lá dentro… Ao cimo da água, dum azul quase negro,
escorre o luar em tremulina. São mil fios de luz que estremecem ao mesmo tempo…
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: "Cambria","serif"; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-hansi-theme-font: major-latin;">Raul Brandão, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Os Pescadores</i>, Lisboa, Editorial Comunicação,
1986, pp. 140-144.<o:p></o:p></span></div>
Andrea Mendeshttp://www.blogger.com/profile/12041450343429727508noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3634164390277174255.post-30224886307832969382012-08-14T10:39:00.001-07:002012-08-14T10:39:43.619-07:00
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: "Batang","serif";">Sobre a pintura
de Sofia Ribeiro<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Batang","serif";">Imagens comunicantes<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Batang","serif";">Um
dos aspectos mais significativos da pintura de Sofia Ribeiro é a forma como aí
se procura entrar em diálogo com o corpo. Representado normalmente pelo feminino
é sobre o corpo da mulher que recaem as interrogações que o ligam ao desejo, ao
prazer físico, mas, porventura, também ao modo como esses elementos podem ser
despertados por sensações intelectualizadas. Neste sentido, os seus quadros
propõem uma leitura do corpo que parte dessas sensações intelectualizadas a fim
de se conhecer, libertando-se pelo movimento físico: o aspecto líquido das
figuras parece apontar para esta ideia de libertação tal como a sua aparência
nua.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Batang","serif";">Valerá,
ainda, a pena notar a possibilidade de uma leitura autobiográfica para a
pintura desta autora na medida em que há uma sequência de imagens que talvez
possamos reunir em torno de perguntas como: “quem sou eu?” “que corpo é o meu?”.
Por outro lado, a existência de uma leitura autobiográfica não exclui o facto
de toda e qualquer mulher se identificar com essas questões, abrindo assim
espaço a um conjunto de interpretações diversas que, por certo, contribuem para
essa dimensão comunicante que é inerente ao corpo e à arte em geral. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmZgW_d7wfBs5PVdf-FS48reQMNn7u1m8BGZhmYx9ocW2QFk6DnFFIeTwcszmkk0uWzCdQZJeJvsTkUdeo6MSzOf37MItAcBY5dYrEwwx8aB01Eq_YB7ERF5u2gkB7CK9uunrq6ypOSKw_/s1600/Marulhar+das+Vagas,+Sofia+Ribeiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmZgW_d7wfBs5PVdf-FS48reQMNn7u1m8BGZhmYx9ocW2QFk6DnFFIeTwcszmkk0uWzCdQZJeJvsTkUdeo6MSzOf37MItAcBY5dYrEwwx8aB01Eq_YB7ERF5u2gkB7CK9uunrq6ypOSKw_/s320/Marulhar+das+Vagas,+Sofia+Ribeiro.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<em> Marulhar das Vagas</em> (30x30), Sofia Ribeiro Andrea Mendeshttp://www.blogger.com/profile/12041450343429727508noreply@blogger.com1